Já imaginou um mundo sem som? Sem música, sem voz, só silêncio. A ausência da audição, pra quem a tem, incomoda só de imaginar. Mas e quem tem que conviver sem ela todos os dias num mundo cada vez mais exigente, onde informações chegam de todos os tipos e lados a todo instante? 

Com essa realidade os surdos convivem e a ela se adaptam. Felizmente, numa sociedade cada vez mais plural e inclusiva, eles, que antes eram esquecidos, ganham notoriedade. No TRE-SE, desde 2015 o quadro de estagiários conta com colaboradores quem não ouvem. Atualmente, Everson Oliveira, Rubens Emanuel e Elizabeth Nunes mostram na Justiça Eleitoral que ser diferente é mais normal do que a maioria das pessoas pode imaginar. 

Dificuldades

Mas nem sempre foi assim. Everson é o que tem mais tempo no TRE-SE e conta que já percebeu algumas pessoas olhando estranho enquanto se comunicava em libras com outra pessoa. “Ficava receoso em me comunicar, mas depois isso passou. Hoje me relaciono bem com colegas e me sinto respeitado”, relatou. 

A comunicação ainda é a principal dificuldade encontrada pelos surdos. Para Everson ainda existe um pouco de dificuldade para comunicar-se com seu chefe: “Como a maioria das pessoas, ele ainda não sabe falar em Libras, mas conseguimos nos comunicar através da escrita. Colegas estagiários ouvintes que trabalham junto comigo me ajudam também. Aos poucos vou ensinando alguns sinais e eles vão aprendendo. Isso me ajuda muito”, pontua. 

Inclusão

Envolvida na inclusão de estagiários em suas respectivas unidades, Oona Karina, da SEGED, conta que distribuir os colaboradores surdos exige mais atenção e sensibilidade. Lotações em unidades em que o trabalho seja prático visual, que explore a atenção são prioritárias. “O fato de não ouvirem traz uma rapidez e percepção visual muito maior do que nós que somos ouvintes. Dessa forma evitamos locais que requerem muita escrita e conhecimento de vocabulário extenso”, explica. 

Ainda segundo a servidora, o principal desafio na inclusão é a adaptação às unidades. Aquelas cujo perfil de trabalho se encaixa com as necessidades dos surdos, comemoram: “Terminam amando trabalhar com eles, pois verificam o quanto são rápidos, inteligentes, responsáveis, cuidadosos e capazes”.