Todo projeto de inovação começa com um problema que precisa ser resolvido, o que normalmente chamamos de desafio. Esse problema pode ser novo ou algum que vem persistindo na organização, apesar de soluções já terem sido implementadas para mitigá-lo.
Independentemente de ser um desafio novo ou não, o importante é se aprofundar no entendimento do problema antes de pensar em possíveis soluções para ele. É muito comum pensarmos no problema já associando soluções simples e diretas. Isso é natural, haja visto que buscamos resolver nossos problemas o mais rápido possível. Muitas das vezes, a associação que fazemos entre solução e problema é tão forte que descrevemos a solução quando desejamos nos referir ao problema em si.
A desvantagem dessa abordagem, em projetos de inovação, é que acabamos por considerar apenas nossa visão ou conhecimento do problema na hora de prescrever soluções. Acontece que, assim, acabamos por enviesar o entendimento do desafio, desconsiderando a percepção e o impacto do mesmo em outros envolvidos, muitas vezes os próprios usuários e cidadãos beneficiários do serviço público. Como resultado, as chances de se inovar, de fato, são diminutas, pois dificilmente se gerará valor público (vide colunas anteriores para uma discussão sobre o que é valor público).
Para evitar essa armadilha, é necessário, antes de se pensar em soluções, aprofundar-se no conhecimento do problema, acolhendo visões e perspectivas diferentes em relação ao mesmo, muitas vezes se distanciando da nossa própria visão e entendimento. É o que comumente se chama de “se apaixonar pelo problema”. Quanto mais conhecermos sobre o desafio, suas nuances, suas ramificações e impactos nos diversos atores envolvidos, maiores as chances de conceber soluções que agreguem valor ao público.
No Design Thinking, há toda uma etapa dedicada ao entendimento do problema, onde se evita fechar o pensamento em soluções previamente concebidas, para se dedicar ao aprofundamento do problema com o apoio de várias ferramentas e técnicas, a exemplo da Árvore de Problema, Matriz CSD, Pesquisa de Mesa e Pesquisa Etnográfica.
Ainda voltaremos a abordar esse tema em futuras colunas.
Até a próxima!
01/11/2025 - Por Paulo Sérgio